Outros três suspeitos de participação no esquema
comandado pelo contraventor também prestarão depoimento.
Arquivo/ Leonardo Prado
Paulo Teixeira (E): CPMI quer esclarecer dúvidas sobre bens arrecados por
Cachoeira.
No dia 7, prestarão depoimento à CPMI a atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, e o agente aposentado da Polícia Federal (PF) Joaquim Gomes Thomé Neto, suspeito de interceptação ilegal de e-mails.
José Cruz/ Agência Brasil
Andressa Mendonça, atual mulher de Cachoeira.
Saiba mais sobre os depoentes.
O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-SP), considera que a retomada dos trabalhos está claramente voltada para investigar o núcleo da organização. “Queremos averiguar os bens que essa organização criminosa possui, as atividades que desenvolvia – mais precisamente as de arapongagem – além da criação de empresas-fantasma”, explica o relator. “E esses depoentes têm relação com essas atividades”, completa.
O vice-presidente da comissão, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), também acredita que os novos depoimentos podem ajudar a esclarecer dúvidas sobre os bens arrecadados por Cachoeira, além de permitir avanços em relação a provas do envolvimento de pessoas que têm foro privilegiado, como governadores. Para ele, o importante é conseguir desmantelar as ações do esquema. “Essa organização está muito viva e suas veias ainda estão irrigando todo o sistema criado por quem participou e ainda participa do esquema”, diz.
Teixeira, no entanto, destaca que o sucesso do trabalho da CPMI não depende apenas de depoimentos, mas de sua capacidade investigativa. “Já obtivemos quebras de sigilo importantes e agora devemos trabalhar para produzir provas com o cruzamento de dados”, defende.
Críticas ao enfoque
Por outro lado, o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), afirma que as novas convocações demonstram um claro desvio de foco, ao concentrar as investigações no estado de Goiás. “É nítido o encaminhamento político, não há investigação clara, o que há é uma disputa política procurando envolver exclusivamente o estado de Goiás, que tem a menor parcela no prejuízo causado ao patrimônio público por conta de obras da [empreiteira] Delta dentro do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, sustenta.
Beto Oliveira
Bruno Araújo defende uma investigação mais ampla, incluindo o governo
federal.
Ao rebater as críticas, Odair Cunha sustenta que é impossível produzir investigações sobre o esquema montado por Carlinhos Cachoeira sem olhar primeiro, e majoritariamente, para o estado de Goiás. “Esses 6% [do faturamento da Delta] significam muito e tiveram a intermediação do senhor Carlos Cachoeira com agentes públicos de Goiás”, afirma o relator, destacando que a organização nasceu e está externamente ligada a pessoas daquele estado. “Quem não quer investigar isso [a atuação do grupo em Goiás] quer investigar o mundo. E quem quer investigar o mundo não quer investigar nada”, acrescenta Cunha, mesmo reconhecendo indícios de que a organização também buscou atuar em outras localidades, como Tocantins e Distrito Federal.
Pagot
Bruno Araújo também criticou o atraso na convocação do ex-diretor do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) Luiz Antônio Pagot – há denúncias de irregularidades nos contratos do órgão com a empreiteira Delta. “O fato de existir uma figura proeminente dizendo que quer vir e falar, mas que ainda não foi ouvido pela CPMI levanta suspeitas sobre algum tipo de receio com esse depoimento”, aponta o líder do PSDB.
A comissão já aprovou requerimento de convocação de Pagot, mas ainda não marcou data para o depoimento. Segundo Odair Cunha, o presidente da CPMI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), está tratando dos nomes que serão ouvidos nas próximas reuniões do colegiado.
“Esperamos que essa disposição do Pagot [de depor] não represente qualquer tipo de composição com o governo. Queremos que desta vez ele não amarele”, declara Araújo.
Reportagem – Murilo Souza e Tiago Ramos
Edição – Marcelo
Oliveira
Fonte: Câmara dos Deputados
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