Polícia Militar: Carros parados por falta de placa

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

  • Veículos esperam por uma licitação há seis meses: não houve candidatos


    Uma frota de 25 veículos zero-quilômetro da Polícia Militar do Distrito Federal se deteriora no estacionamento do Almoxarifado da corporação, dentro das instalações do Centro de Manutenção (CMAN), no Setor Policial Sul. Os veículos, adquiridos  por meio de participação em um processo licitatório da Aeronáutica,  não podem rodar pelo simples fato de não terem sido emplacados. ...

    Os modelos Prisma 1.4 – com direção hidráulica e vidros elétricos – estão no estacionamento da PM desde 24 de fevereiro deste ano, quando foram entregues pela montadora. A corporação aderiu à ata da licitação ainda em 2010, durante o governo Rogério Rosso. Fontes policiais ouvidas pela reportagem afirmam que houve um erro quando a PM decidiu participar da licitação, pois teria sido notado que os carros não viriam emplacados.

    A frota se tornou um “elefante branco” que custou caro aos cofres públicos. O valor da nota de empenho vinculada ao contrato 044/2011 tinha o custo de R$ 770 mil, com cada veículo tendo um investimento de R$ 30 mil. Empoeirados pelo tempo e provavelmente com as baterias deterioradas em decorrência dos seis meses sem funcionar, os carros ainda podem perder a garantia de fábrica sem rodar um único quilômetro.

    A reportagem do Jornal de Brasília apurou que os veículos não foram distribuídos pela dificuldade em licitar a prestação de serviço para emplacamento por parte da Seção de Procedimento Licitatório da PM. Foram feitas duas convocações desertas – quando nenhuma empresa aceita participar do pregão eletrônico –, que protelaram ainda mais a possibilidade de emplacar os veículos. Uma nova convocação foi feita para o próximo dia 15. Caso nenhum interessado apareça, a PM poderá, de acordo com a Lei de Licitações, contratar uma empresa direta.

    Ontem à tarde, a reportagem esteve no estacionamento onde estão os veículos e registrou os sinais de deterioração causados pelos seis meses em que a frota está parada. Alguns soldados se mobilizavam para lavar os 25 carros, como forma de amenizar a poeira que tomava conta da pintura branca.

    Segundo o chefe da Seção de Comunicação Social da corporação, coronel Paulo  Roberto, todas as medidas para colocar os carros em atividade já foram tomadas. “Já lançamos uma nova convocação para fazer o emplacamento dos carros. Vale destacar que essa adesão à ata da Aeronáutica ocorreu em uma gestão passada ao comando atual,  em outubro de 2010. Mesmo assim, estamos trabalhando para regularizar a situação dos veículos”, disse.

    O coronel ressaltou que caso não haja a procura de nenhuma empresa durante a nova licitação, que a PM deverá procurar alguma prestadora de serviços que possa emplacar todos os veículos. “Infelizmente, não podemos resolver esse problema de imediato, pois ainda temos que ficar presos ao processo licitatório. Contudo, depois de três convocações em vão, teremos uma brecha na lei para contratarmos qualquer empresa para realizar o trabalho”, resumiu o chefe da Comunicação Social da PM.

    Apoio ao Proerd
    A frota que sofre os efeitos do tempo estacionada próximo ao Comando-Geral da PM tinha um destino nobre. Os veículos iriam para o Centro de Polícia Comunitária e Direitos Humanos (CPCDH) da corporação. Os carros ajudariam no deslocamento dos policiais do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), adotado no DF desde 1998.

    O desenvolvimento do programa é visto como uma das atividades mais nobres dentro da corporação. Os 36 “proerdia-nos”, como são chamados os militares que ministram palestras em escolas públicas – enfatizando a prevenção ao uso das drogas e à violência entre crianças e adolescentes –, chegam a usar seus próprios carros para tocarem o projeto a diante.

    Os militares que poderiam contar com os veículos impossibilitados de rodar são capacitados pedagogicamente para desenvolver o trabalho nas escolas, em parceria com pais, professores, alunos e comunidade. Participam do Proerd crianças da rede pública de ensino por meio de aulas semanais, ao longo de um semestre, contando com a presença do professor em sala.


    Por Carlos Carone

    Fonte: Jornal de Brasilia - 08/08/2012

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