Motorista reafirma reunião entre Agnelo e ONGs

sábado, 22 de outubro de 2011

Geraldo Nascimento disse à Polícia Civil que objetivo do encontro era arrecadar R$ 150 mil para evitar publicação de reportagem sobre esquema

A iminente descoberta do esquema de 
desvio de recursos do programa 
Segundo Tempo motivou uma reunião 
de emergência entre o então ministro 
do Esporte e atual governador do DF, 
Agnelo Queiroz, e dirigentes de 
ONGs beneficiadas. Juntos, traçariam 
uma estratégia para evitar a publicação 
de irregularidades pela Veja e discutiriam 
o que fazer com o delator do esquema, 
Michael Alexandre Vieira da Silva, 
ex-funcionário do Instituto Novo 
Horizonte, uma das ONGs que 
recebeu recursos do programa.

É o que afirmou em depoimento prestado 
no ano passado, obtido pelo Estado, 
Geraldo Nascimento de Andrade, que 
agora acusa Orlando Silva de participação 
no esquema. Segundo ele, Agnelo se 
reuniu com o PM João Dias Ferreira, dono 
da Febrak, Miguel Santos Souza, contador 
que fornecia notas fiscais falsas para 
acobertar os desvios, e dirigentes de 
outras duas ONGs que se beneficiavam 
do esquema. De acordo com o depoimento, 
a reunião ocorreu em abril de 2008 
no endereço que servia de fachada para 
três empresas que forneciam notas fiscais
frias usadas para comprovar o suposto cumprimento dos convênios firmados com
 o Ministério do Esporte.

Geraldo Nascimento contou à Polícia Civil que na reunião foi debatida uma forma 
de arrecadar RS 150 mil para tentar evitar a publicação da matéria pela revista 
Veja, baseadas nas acusações feitas por Michael. A matéria foi publicada em abril 
de 2008. Discutiriam também o que fazer com o delator.

Algum tempo depois da reunião, João Dias encontrou-se com Michael. "João Dias 
lesionou a mão de Michael com o objetivo de forçar o mesmo a esclarecer com 
mais detalhes o que Michael teria dito à imprensa", contou Geraldo Nascimento. Ele 
disse ao delegado responsável pelas investigações, Giancarlos Zuliani Júnior, que 
decidiu delatar o esquema porque soube, na semana anterior, da existência de um 
plano para matá-lo.

Laranja. Geraldo Nascimento foi contratado em 2005 por Miguel Souza para ser 
seu motorista. Meses depois, Miguel criou uma das empresas de fachada e queria 
colocá-lo como laranja. Inicialmente, o motorista se recusou, mas, sob a ameaça 
de demissão, acabou assinando os documentos e se tornando sócio da JG Comércio 
de Alimentos e Serviços Gerais, uma das empresas que fornecia notas falsas para 
o esquema. O depoimento de Nascimento e os indícios levantados contra Agnelo 
levaram o Ministério Público a encaminhar as investigações para o Superior Tribunal 
de Justiça.

Agnelo negou ter participado dessa reunião. "A reunião jamais aconteceu, 
principalmente para explorar a questão de eventual publicação de matéria jornalística 
ou para definir destino de pessoas, matéria agressiva à honra e à história de 
Agnelo Queiroz", respondeu o governador. Agnelo disse ainda que "nunca tratou 
de interesses de ONGs".

Por Felipe Recondo



Fonte: Jornal Estado de São Paulo

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