Investigação policial revela que dinheiro saiu de conta de empresa que emitiria nota fiscal
foto: BETO BARATA/AE-7/10/2011 |
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Agnelo. Assessoria diz que investigação ‘não é suficiente’ |
Investigação da Polícia Civil, incluída no inquérito aberto no Superior Tribunal de
Justiça (STJ), revela que a propina de R$ 256 mil que teria sido entregue a
Agnelo Queiroz (PT), governador do Distrito Federal e ex-ministro do Esporte quando
era filiado ao PC do B, foi de fato sacada de uma das contas indicadas pelo autor
das acusações, Geraldo Nascimento de Andrade.
Os dados e os depoimentos, somados às conversas telefônicas grampeadas
Os dados e os depoimentos, somados às conversas telefônicas grampeadas
com autorização judicial, levaram a polícia a suspeitar do envolvimento direto de
Agnelo no desvio de recursos do programa Segundo Tempo.
Ao Ministério Público Federal, o delegado responsável pelas investigações,
Ao Ministério Público Federal, o delegado responsável pelas investigações,
Giancarlo Zuliani Junior, sugeriu a quebra do sigilo do telefone usado por Agnelo e
análise dos dados das antenas da operadora de telefonia celular. Assim, seria
possível dizer se Agnelo conversou com integrantes do esquema no dia em que o
dinheiro teria sido entregue.
Ao requerer à Justiça Federal o encaminhamento das investigações para o STJ,
Ao requerer à Justiça Federal o encaminhamento das investigações para o STJ,
em razão dos indícios contra Agnelo, que tem foro privilegiado, o procurador
da República José Diógenes Teixeira já indicava que as quebras de sigilo podem
ser requisitadas.
Os R$ 256 mil que a testemunha disse terem sido pagos a Agnelo foram sacados da conta da empresa Infinita Comércio e Serviços de Móveis Ltda. em 7 e 8 de agosto de 2007. A Infinita é uma das empresas que teria fornecido notas fiscais falsas para encobrir o desvio de verba. Conforme depoimento de Nascimento, o dinheiro foi entregue à noite no estacionamento de uma concessionária em Sobradinho.
Nascimento relatou ter seguido de carro com Eduardo Pereira Tomaz, assessor de João Dias nos projetos do Segundo Tempo, para o estacionamento. Pouco depois do horário marcado,

Nascimento relatou ter seguido de carro com Eduardo Pereira Tomaz, assessor de João Dias nos projetos do Segundo Tempo, para o estacionamento. Pouco depois do horário marcado,
um Honda Civic preto estacionou ao lado do carro em que estava. Eduardo teria
entregue a mochila com o dinheiro. Os R$ 256 mil teriam sido desviados de
um dos convênios firmados pelo Ministério do Esporte e assinado pelo então
secretário executivo e atual ministro Orlando Silva.
Aviso. Em uma das gravações, Ana Paula Oliveira de Faria, mulher de João Dias,
Aviso. Em uma das gravações, Ana Paula Oliveira de Faria, mulher de João Dias,
policial dono da Federação Brasiliense de Kung Fu (Febrak), liga para Agnelo para
avisar que o marido estava sendo preso. Ana Paula relatava a uma secretária de
Agnelo que o marido, assim que foi preso, pediu que ela o avisasse.
"O Agnelo...ele...ele tem que saber disso. Eu só queria que você conversasse
"O Agnelo...ele...ele tem que saber disso. Eu só queria que você conversasse
com o Agnelo, porque assim, o João pediu", disse Ana Paula. "Tá bom, Ana Paula,
eu vou passar o número dele e peço para o Agnelo ligar, tá?", respondeu a secretária.
Na quarta-feira, quando divulgada a abertura de inquérito contra Agnelo, a Secretaria
Na quarta-feira, quando divulgada a abertura de inquérito contra Agnelo, a Secretaria
de Comunicação do DF divulgou nota afirmando que a existência da investigação
não é suficiente para "firmar premissa" de que Agnelo "praticou ato reprovável
legal e eticamente". "Há manifesta impropriedade na tentativa de formar juízo de
valor aligeirado sobre a idoneidade pessoal ou legal de Agnelo Queiroz, com base
em informações incompletas e descontextualizadas, principalmente porque a
Justiça, único Poder constitucional para exercer a dicção de culpar ou
inculpar os cidadãos, em momento algum o fez."
Por Felipe Recondo / BRASÍLIA
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo
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