Senador que ajudou a prender Jader Barbalho lamenta morosidade da Justiça

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Pedro Taques (Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado )
Hoje deve tomar posse como representante do Pará no Senado o ex-senador e ex-presidente da Casa Jader Barbalho (PMDB).
Jader terá como colega de plenário, pela representação do Mato Grosso, o ex-procurador da República Pedro Taques (PDT).
Quando procurador, Taques integrou a força-tarefa do Ministério Público responsável pela prisão de Jader Barbalho por dez dias, em fevereiro de 2002, sob acusação de integrar uma quadrilha que teria desviado R$ 4 bilhões da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
Por conta desse processo Jader acabou enquadrado na Lei do Ficha Suja, o que o impediu de tomar posse mesmo tendo obtido o segundo lugar nas eleições do ano passado no Pará para o Senado.
Mas, como o o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a lei não era válida para as últimas eleições, a Corte concluiu que Jader Barbalho poderá agora tomar posse.
Poder Online procurou Pedro Taques para ouvi-lo sobre a posse do senador paraense.
Poder Online – Como o senhor se sente em relação à posse de Jader Barbalho?
Pedro Taques – Como eu me sinto? Como assim?
Poder Online – Afinal, o senhor integrou a força-tarefa do Ministério Público responsavel pela prisão de Jader no caso Sudam. E, agora, vocês estarão juntos no plenário. Não é constrangedor?
Pedro Taques – Olha, vejo a questão por dois ângulos. O primeiro é que não poderia existir uma lei específica para o Jader Barbalho. Se o Supremo decidiu que a Lei do Ficha Limpa não valia para as últimas eleições, ele tinha mesmo que tomar posse. Mas a segunda questão é quanto à morosidade da Justiça. Infelizmente as decisões judiciais no Brasil demoram muito, e isso é uma ofensa não a mim, mas à própria Justiça.
Poder Online – No caso da morosidade da Justiça, o senhor se refere aos processos contra o Jader Barbalho?
Pedro Taques – Exatamante. A prisão foi no início de 2001, eu saí do caso em outubro de 2004. Não tenho os dados exatos em mãos, aqui e agora, mas ele foi denunciado por formação de quadrilha e uma série de outros crimes. No entanto, tudo isto continua sem nunca ter tido uma decisão definitiva. É muito ruim para o país uma situação desta.
Poder Online – E quanto ao seu relacionamento pessoal com ele, no Senado? Vocês vão se cumprimentar, falarão um com o outro? Não é constrangedor?
Pedro Taques – Pessoalmente eu não tenho nada contra ele. Mas também não sei se vamos nos falar. Eu não fiz nada de errado, apenas cumpri com o meu dever.
Poder Online – Pois é, senador, o STF é que não parece ter cumrido com o dever dele. Além de ter demorado a decidir sobre a posse de Jader Barbalho, o Supremo até hoje não decidiu definitivamente sobre a constitucionalidade da Lei do Ficha Limpa.
Pedro Taques – Isso tudo cria um ambiente de insegurança jurídica no país. É muito ruim.
Poder Online – E quais suas expectativas para 2012?
Pedro Taques – Tenho muita expectativa de que o Congresso consiga aprovar as reformas de que o país necessita. E a mais importante de todas é a reforma política. Também torço muito pela verdadeira autonomia do Poder Legislativo, que o Congresso deixe de funcionar como se fosse um puxadinho do Palácio do Planalto, um anexo do Poder Executivo. E também pela aprovação do Novo Código Penal. Eu fiz o pedido de instauração de uma comissão de notáveis e esta comissão deve entregar seu relatório parcial na primeira quinzena de janeiro. Seria um grande avanço aprovarmos o novo Código Penal ainda este ano.

Fonte: IG

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