A força da suplência II

quarta-feira, 9 de maio de 2012



O deputado distrital Siqueira Campos (PSC) entrou em contanto com a coluna para responder aos questionamentos feitos por mim na edição de ontem, com a publicação da nota “A força da suplência”. No texto, eu critiquei (e continuo criticando) a declaração de Siqueira à TV Globo sobre a CPI da Arapongagem na Câmara Legislativa. “O jogo político é pesado. Quem tem maioria decide como deve ser conduzida (CPI). Vamos tomar a iniciativa de ou investigar ou encerrar a CPI se não for de interesse do governo”, disse o parlamentar, um dos componentes da comissão. Ontem, Siqueira respondeu à coluna:

Eu disse: “O jogo político é pesado”. Deputado Siqueira Campos, por favor, conte-nos o que de tão pesado há no “jogo” político. O povo precisa saber o que é “pesado” e o senhor é deputado para não deixar o povo ficar de bobo nessa...

Siqueira disse: “O jogo político é pesado” é uma expressão utilizada para ilustrar o dia a dia na administração pública, inclusive no Legislativo. Para encontrar as melhores soluções para os anseios e necessidades da população, a maioria das vezes o parlamentar tem de percorrer um longo caminho, o que torna o jogo político pesado.

Eu completo: Ótimo. Poderíamos, diante disso, poupar alguns nomes de fardo tamanho e sugerir que, a partir das próximas eleições, tenhamos menos deputados distritais para que essas pessoas não se sobrecarreguem com o “peso” do jogo. Além disso, é bom saber que os anseios da população encontram no deputado Siqueira Campos um solucionador, afinal, o anseio da população neste momento é a investigação de todos os indícios de irregularidades.

Eu disse: “Quem tem maioria decide como deve ser conduzida a CPI”. Caro deputado, o senhor tem certeza que não treinou esse discurso para assumir uma vaga em Sucupira (aquela cidadezinha da novela)? Ou o senhor está reforçando mesmo que a maioria deve mandar e esmagar a minoria?

Siqueira disse:
Quem tem maioria decide como deve ser conduzida a CPI. Desde sempre, em qualquer democracia, em não havendo consenso sobre determinado tema ou proposta e a matéria indo para votação, a vontade da maioria é soberana. Quem tem mais votos, ganha, ou passa o trator, para usar outra expressão muito comum no meio político.


Eu completo: Bom, como a vitória foi pela instalação da CPI (não com maioria, mas com assinaturas exigidas), acredito que o deputado Siqueira Campos vai respeitar a democracia e ajudar a conduzir com honradez a CPI da Arapongagem. Espero, apenas, que o senhor, deputado, não deixe “passarem o trator” sobre a verdade dos fatos. Confio no senhor, heim!

Eu disse: “Vamos tomar a iniciativa...” Pausa para enfatizar a fala de líder: “VAMOS tomar a iniciativa de ou investigar ou encerrar a CPI...” Outra pausa porque isso é fantástico: ou a CPI investiga ou não. Legal, qual seria a terceira alternativa, alguém pode me contar? Voltando... “Vamos tomar a iniciativa de ou investigar ou encerrar a CPI se não for de interesse do governo”. Deputado, pelo amor de Deus, nos diga que o senhor não quis dizer isso em um país democrático, em pleno século XXI?! Aguardamos!

Siqueira disse: “Vamos tomar a iniciativa de ou investigar ou encerrar a CPI se não for de interesse do governo”. Aos integrantes cabe estabelecer os rumos da comissão. Se houver elementos suficientes, a CPI investiga e denuncia. Caso contrário, não tem porque continuar o trabalho. O interesse do governo, a que me refiro, é no sentido da agenda legislativa ficar comprometida e projetos de interesse da população deixarem de ser votados.

Eu completo: Ufa, deputado. Agora o senhor nos aliviou. Não podemos deixar a agenda legislativa comprometida, até porque enquanto houver alguma, pequenina que seja, suspeita sobre alguém, fica comprometida a agenda, a conta bancária, a conta telefônica, e por aí vai. O DF precisa andar para frente e esquecer os escândalos. Que bom que os “interesses” que o senhor se referiu são os da população. Obrigado, deputado. Obrigado pelas respostas à coluna e obrigado por estar do lado do povo, e não dos “interesses” dos Poderes.
Fonte: Coluna Ons e OFFs/ Lívio Dí Araújo/ Jornal Alô

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