Queda de Demóstenes começou numa chantagem contra Agnelo

sexta-feira, 11 de maio de 2012

por José Seabra
Senador não imaginava que suas estripulias estavam sendo monitoradas pelo PT do governador
Senador não imaginava que suas estripulias estavam sendo monitoradas pelo PT do governador
A ação de uma máfia que age sorrateiramente para derrubar o governador Agnelo Queiroz (como aponta em seu blog o porta-voz do Palácio do Buriti Ugo Braga) foi intensificada em janeiro, quando o senador Demóstenes Torres (sem partido, GO) submeteu-se a uma cirurgia para redução de estômago.
O agora identificado braço-direito do contraventor Carlinhos Cachoeira urdiu uma estratégia inspirada no jogo sujo dos mafiosos. Demóstenes instalou uma linha telefônica direta no quarto que ocupava no hospital e mandou que emissários entregassem o número a Agnelo. Seguiu-se um recado: o senador precisava falar com o governador.
A idéia da máfia encabeçada pelo bicheiro e que tem no senador um mero laranja, era fazer o governador telefonar três, quatro, cinco e até dez vezes. A diferença é que Demóstenes não atenderia as chamadas. Depois, da tribuna do Senado, denunciaria o suposto assédio de Agnelo, sem entrar em maiores detalhes. A prova seria incontestável. Inúmeros telefonemas não atendidos.
Mas o senador goiano não contava com informações de posse do Palácio do Buriti, de que Demóstenes – virtual e potencial candidato à prefeitura de Goiânia – estava sendo monitorado pela Polícia Federal, que buscava as origens de um repentino crescimento do patrimônio do parlamentar. Advertido por sua equipe de informações, Agnelo simplesmente ignorou o número do telefone.
A partir daí, e atendendo ordens expressas de Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres deflagrou o processo para tentar desestabilizar o governador Agnelo Queiroz. A chantagem tinha apenas um objetivo: reajustar os valores que o Governo do Distrito Federal paga à Delta Engenharia pelos serviços de limpeza urbana.
Só para recordar: uma sindicância reservada a que Notibras teve acesso e postou neste espaço há alguns dias, a Delta fatura aqui uma média de 40% menos do que recebe de outros governos.
Repórter investigativo, não é por estar ocupando um cargo na equipe de Agnelo Queiroz que o jornalista Ugo Braga deixa de cair em campo e fuçar informações. O porta-voz costuma fazer isso nas horas vagas. E escreve o que descobre. Como fez nesta quinta-feira 10, revelando novas escutas telefônicas gravadas pela Polícia Federal.
Em seu blog, Ugo deixa claro que Cachoeira e toda a sua gangue agiam para derrubar Agnelo e colocar na cadeira do governador o vice Tadeu Filippelli. Mas o que se traduz numa leitura superficial das postagens do blogueiro, é que o tiro dado pela máfia saiu pela culatra. Tanto – como recorda o porta-voz – que Agnelo continua governador, Filippelli vice e a gangue está presa – exceção de Demóstenes, prestes a ter seu mandato cassado.
O que o porta-voz não escreveu – talvez por não dispor das informações – é que, se não havia uma estreita ligação de Tadeu Filippelli com a máfia de Cachoeira, com certeza gente graúda do PMDB – comandado em Brasília pelo vice-governador – tem vínculos próximos com a máfia do bicho que faz feder cada vez mais o lixo da capital da República.
No auge da formação do governo, Agnelo Queiroz foi pressionado pelo PMDB a nomear para a chefia do Serviço de Limpeza Urbana o coronel da Polícia Militar Paulo José Barbosa de Abreu. Vendo a indicação frustrada, o partido passou a defender o cargo de Diretor de Operações. Diante de tanto interesse, o coronel passou por um pente-fino. E foi definitivamente vetado.
Ao descartar o coronel, o governador não sabia que estava declarando guerra a Carlinhos Cachoeira e ao seu grupo. Foi a senha para os ataques de Demóstenes, alicerçado não necessariamente por correligionários do Democratas. O PMDB entrou na briga contra Agnelo. Sem muito aparecer, é verdade. Mas com gente que, se não tem mandato, circula livremente pela vice-governadoria e pelos tribunais.
Não são meros detalhes. Tudo isso faz parte da guerra surda que se trava pelo poder. Para azar de Demóstenes, o PT soube contra-atacar e criar um grande escudo em torno de Agnelo. Se a armadura do governador é de vidro e pode rachar, só o tempo dirá.

Fonte: NOTIBRAS

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