Funai tentou, mas índios ficam onde estão

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
  • Foto: Thyago Arruda/247 e Andressa Anholete/247
    Instituição apresentou proposta de criação de nova área para abrigar os Fulni-ô Tapuya no Noroeste. Terracap, que se diz dona do terreno, não aceitou

    Um novo capítulo da novela que se arrasta no Noroeste foi escrito no apagar das luzes de 2011. Em audiência pública, em 13 de dezembro, a Fundação Nacional do Índio (Funai) apresentou uma proposta à Terracap para acabar com o impasse entre a comunidade indígena, o governo do Distrito Federal e as empreiteiras que constroem no local. A Funai propôs que fosse criada uma reserva indígena de 30 hectares para abrigar a etnia Fulni-ô Tapuya, que está instalada no novo bairro.

    A nova área englobaria os quatro hectares já ocupados pelos indígenas, que é chamado por eles de Santuário dos Pajés, e alcançaria os 12 hectares da Área de Relevante Interesse Ecológico Cruls (Arie), já destinada às etnias Kariri-Xocó e Tuxá. O terreno ficaria quase todo fora do Noroeste, ao seu lado.

    A proposta, no entanto, foi negada pela Terracap, a detentora do terreno. Procurado pelo Brasília 247, o órgão se limitou a dizer que as negociações com os indígenas continuam, mas que não iriam se manifestar até que houvesse a resolução do conflito entre índios e construtoras.

    O advogado dos Fulni-ô Tapuya, Ariel Foina, explica que os indígenas consideram a área oferecida pela Funai muito aquém do que alegam ter direito, que é de 50 hectares na região. No entanto, segundo Foina, os indígenas aceitam negociar a proposta. “Já é um primeiro passo para a resolução do conflito, mas ainda há muito o que discutir”, diz o advogado.

    A Funai diz que só agora apresentou a proposta de criação da reserva porque essa seria uma forma de pôr fim ao conflito. A entidade também diz que a criação da reserva não implica em reconhecimento por parte do órgão de que a área de 50 hectares reivindicada pelos Fulni-ô seja de ocupação tradicionalmente indígena.

    Enquanto isso, as obras das construtoras Emplavi, Brasal e João Fortes no Noroeste continuam paradas, o que deverá atrasar a entrega dos apartamentos residenciais aos compradores.

    Por Maryna Lacerda



    Fonte: Brasília 247

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