- Paralisação já é considerada a maior da história do transporte sob trilhos do Distrito Federal; metroviários se reunirão pela décima vez nesta terça-feira, na Praça do Relógio, em Taguatinga, para discutir o futuro da categoria; dissídio coletivo deve ser julgado nesta sexta-feira (13)
Foto: Andressa Anholete/247 - 16.12.2011 Nove reuniões, nenhuma decisão e 160 mil passageiros abandonados ao acaso. Desde 12 de dezembro de 2011, os metroviários insistem em manter a maior paralisação já realizada pela categoria desde a inauguração do sistema de transporte público sob trilhos. Se a assembleia prevista para as 20h desta terça-feira (10) não encerrar de vez a greve, na quinta-feira (12), o movimento completará 30 dias. As ameaças da Companhia do Metrô de cortar o ponto dos servidores não os convenceram a voltar às atividades. O governo segue ineficiente nas negociações de propostas para melhorar as condições trabalhistas. E a população que paga pelo sistema se vê refém dessa briga entre funcionários e patrão, que foi parar na Justiça. O processo de dissídio coletivo pode ser julgado na sexta-feia (13), às 14h, em pauta extraordinária da 1ª Seção Especializada do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região.
Com um terço dos trens em circulação – apenas nove dos 24 trens –, cerca da metade dos usuários deixaram de enfrentar as estações lotadas do Metrô por não conseguir embarcar. Tiveram que reinventar outra maneira de chegar ao trabalho no horário sem ser obrigados a se apertar como sardinhas nos poucos vagões em circulação. O Metrô registrou uma queda no número de passageiros de 160 mil para 90 mil. Prejuízo para a empresa, que passa a arrecadar menos, prejuízo para o usuário, que precisa tirar o carro da garagem para trabalhar e prejuízo até para quem não utiliza o sistema, mas que fica mais tempo parado nos engarrafamentos formados com o aumento de números de carros nas ruas.
Os metroviários reivindicam o pagamento em dobro do auxílio-alimentação de dezembro, abono salarial de R$ 4 mil, igual ao pago aos funcionários da Companhia Energética de Brasília e o pagamento da gratificação de titulação. A categoria alega que o piso salarial pago pelo Metrô é o mais baixo entre os servidores do Distrito Federal: R$ 1,5 mil. Por isso, seguem determinados a não ceder à pressão e permanecem paralisados até que o governo resolva acatar os pedidos. Durante esse tempo, foram nove assembléias: nos dias 12, 14, 16, 19, 21, 23, 27, 29 de dezembro e 3 de janeiro de 2012. Nenhuma trouxe uma solução boa o bastante para interromper a paralisação.
Numas das negociações entre funcionários e governo, o Metrô chegou a anunciar uma medida extrema: cortar o ponto dos funcionários que se recusassem a trabalhar. Isso, porém, só pode ocorrer após o Tribunal Regional do Trabalho considerar o movimento ilegal porque a greve é um direito constitucional. A partir dessa semana, com o retorno do Judiciário, o Tribunal pode avaliar se a greve é ou não legal. Uma audiência de conciliação também pode por fim ao movimento, mas ainda não há nada agendado.
A briga entre a categoria e governo já foi tão longe que passou a ser investigada por agentes da secção de investigação criminal da 21ª Delegacia de Polícia, em Taguatinga. Eles investigam os 16 metroviários acusados de planejar uma sabotagem no metrô do Distrito Federal em diálogo no site de relacionamento Facebook. A conversa dos servidores do Metrô teve início às 13h47 de 21 de dezembro de 2011 quando um piloto da companhia comentou em sua página de relacionamento na internet a necessidade de intensificar a greve dos metroviários provocando uma pane no sistema.
Além da polícia, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios também deve começar a apurar as denúncias de sabotagem no sistema do metrô. O pedido de investigação foi protocolado em 22 de dezembro, durante o recesso judiciário. Os promotores retornaram ao trabalho nesta segunda-feira (9) e ainda não há previsão de quando vão analisar essa denúncia. Até lá, os 16 pilotos envolvidos no diálogo continuam suspensos do cargo por medida de segurança.
Enquanto governo e metroviários não chegam a um consenso, quem sofre é a população que precisa dos trens. Neste período do ano, muitos servidores tiram férias e viajam com a família, desafogando o sistema. No entanto, há pressa para que essa situação seja resolvida antes do retorno escolar. Quem paga pelo sistema caro e ruim não merece ficar a mercê dessa briga, merece um transporte de qualidade.
Fonte: Brasília 247
Greve do Metrô perto de completar um mês
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
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