Costura de Dilma e Temer pode levar Filippelli para Transportes

sexta-feira, 9 de março de 2012

por José Seabra*

Se virar ministro, vice será tocador de obras do PMDB
Se virar ministro, vice será tocador de obras do PMDB
Uma grande costura está recebendo os ajustes finais nas mãos da presidente Dilma Rousseff, do vice Michel Temer e da cúpula do PR. Se o modelo desenhado pelos estilistas responsáveis para selar a paz entre PMDB e PT couber perfeitamente no manequim, o vice-governador do Distrito Federal Tadeu Filippelli trocará o Palácio do Buriti por um gabinete na Esplanada dos Ministérios.
Com cargo, mas sem função no Governo do Distrito Federal, Filippelli, a vingar as negociações que se arrastam há mais de uma semana, será nomeado ministro dos Transportes. O vice de Agnelo é reconhecidamente um grande tocador de obras, embora à sua maneira. A nomeação agrada ao PR do senador Blairo Maggi, que, perdendo os Transportes, receberá de bandeja o Ministério da Agricultura.
Com a decisão de colocar Filippelli no Ministério dos Transportes, a presidente apara as últimas arestas com o PMDB, que tem mostrado insatisfação por comandar áreas sem muita expressão e, principalmente, de cofres vazios. O que não é o caso de quem vai ter a caneta para liberar a construção de rodovias, ferrovias e outros sistemas de mobilidade, inclusive urbana.
Dilma também estará contemplando Brasília com um espaço na Esplanada. A esse respeito recorda-se que a capital da República, pela primeira vez na história recente da política do País, não viu nenhum dos seus ditos moradores virar ministro desde que a presidente assumiu o Palácio do Planalto.
O nome do deputado Luiz Pitiman, ex-secretário de Obras de Agnelo Queiroz, chegou a ser cogitado para o cargo. Porém, houve quem lembrasse que a nomeação fortaleceria muito o grupo do senador Valdir Raupp, presidente do PMDB, e praticamente estaria dando ao deputado, que cumpre seu primeiro mandato, a chancela para disputar o Palácio do Buriti em 2014.
A ida de Filippelli para o Ministério dos Transportes foi o tema de recente encontro no Palácio do Planalto entre Dilma, Temer, Agnelo e o próprio vice, levado pelas mãos do governador. Para que a nomeação seja confirmada, caberá ao senador Blairo Maggi convencer o PR que o partido não sairá perdendo com a troca de pastas. Até porque, de terra onde se plantando tudo dá, o senador do Mato Grosso entende.
Já Agnelo Queiroz respirará mais aliviado. Afinal, é público e notório que Tadeu Filippelli tem sido uma pedra no sapato do governador. O vice pode muito bem licenciar-se do cargo e virar ministro. No caso de algo dar errado, do tipo Dilma acordar de mau humor, ele simplesmente arruma as gavetas e volta para o Buriti. Entretanto, se vencer alguns revezes e ficar na Esplanada até meados de 2014, será um forte candidato à sucessão do seu atual chefe.
Se o convite a Filippeli for formalizado por Dilma, para tomar posse na Esplanada e para evitar futuros questionamentos jurídicos-eleitorais o vice-governador terá de conseguir uma licença da Câmara Legislativa. Neste caso, nas ausências do governador Agnelo Queiroz, o governador interino passa a ser o presidente da própria Câmara. O que aumentaria ainda mais a importância do cargo, e daria uma nova feição à atual disputa pelo futuro comando do Legislativo brasiliense.
* Colaborou Marc Arnoldi

Fonte: NOTIBRAS

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