A última cartada para salvar Agnelo do naufrágio político

domingo, 25 de março de 2012

Wilson Silvestre
Jornal Opção
Secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa: enviado do Planalto para tentar salvar Agnelo Queirz do naufrágio politico e administrativo
O PT vive as agruras de ser situação, exposto às críticas e à avaliação sobre feitos administrativos e políticos. Este tem sido o drama do partido desde o mo­mento em que conquistou o po­der, graças à guinada do eterno candidato a presidente, Luiz I­nácio Lula da Silva. Como todo projeto político, existe um determinado tempo de validade, tornando-se perecível a partir do momento em que não se reinventa. Só que ao secar a fonte de recursos ou de criatividade, os que eram pedra tornam-se vidraça.
Após quase dez anos no poder, o PT já dá sinais de que o arsenal baseado na máxima do Estado que tudo pode não em­polga mais. O discurso do PT já não inspira os cidadãos a so­nhar, pois as crises agudas são a­penas brisas soprando e não levantam sequer uma folha de papel. Esta dificuldade em conseguir fazer mais com menos, exigida pelos tempos de austeridades, os gestores petistas não estão acostumados a exercer. Falta a eles o timing que a presidente Dilma Rousseff tanto tem cobrado de seus auxiliares. Es­tes tempos de endurecimento na gestão pública chegaram ao Distrito Federal justamente quan­do Agnelo Queiroz, enfim, conquistou o Buriti.
Calamidade
Desde o momento em que assumiu o governo, dia após dia a administração tem sido de calamidade, sinalizando à sociedade que o problema não é das “gestões do passado”, como declarou ao jornal eletrônico “Brasília 247”. Entre outras pé­rolas, o ex-comunista disse: “Enfrentamos os inimigos do crescimento de Brasília como ci­dade-estado, aquela meia dú­zia de pessoas que sempre se sentiram donos da capital federal e nada fizeram por ela. A­gora, já estamos mos­­trando a cara do nosso go­verno”. Logo em se­guida a­nuncia, com pom­pa, que vai investir mais R$ 1 bilhão em obras e serviços pú­blicos até o final do ano. “Isso é um êxito.” Parece que Agnelo quer fazer história revertendo os indicadores ruins tanto na aprovação de seu governo, quanto no desempenho da economia, es­tagnada desde a sua posse.
No seu desabafo, ele afirma que assumiu o governo inteiramente desorganizado: “Em verdadeira anarquia administrativa. Só agora a população começa a perceber que nosso primeiro ano foi usado no trabalho de ar­rumar a casa, mas os resultados já estão aparecendo. Este é um governo de reconstrução e su­peração”. Esta declaração pode, num futuro próximo, tornar-se uma bomba de 500 quilos sobre o Palácio do Buriti, caso não se confirmem estas previsões otimistas do governador. Se tudo está correndo a mil maravilhas, é bom Agnelo começar a andar entre o povo, em vez de ficar acuado em seu gabinete, cercado de seguranças. Quem tem medo do povo não pode dizer que é o benfeitor dos desvalidos, ensina a sabedoria milenar.
Quando a questão dos reajustes salarial bateu à porta de Agnelo, o outrora opositor ferrenho das “administrações do passado” mudou o tom do discurso e brecou qualquer reajuste salarial este ano. “Não podemos conceder aumento, pois o porcentual do orçamento usado na folha de salários saltou de 46,1% para 46,5%, muito próximo do teto imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)”. Agnelo está sentindo, agora, o quanto a máquina pública é difícil de ser manobrada quando se é o manobrista. Mesmo diante de incertezas sobre o futuro, o governador tem dito a seus auxiliares que “agora vamos mostrar serviço”.
Se confirmarem os boatos que circulam na Esplanada dos Ministérios, esta será a última tentativa do Planalto e da cúpula nacional do PT para “salvar Agnelo do naufrágio”. A vinda do secretário da Casa Civil, Swedenberger Barbosa, para o governo é o sinal evidente de que José Dirceu entrou no jogo para tentar arrumar a casa. “Ag­nelo não estava dando conta de administrar o governo do DF e isto já estava refletindo no partido”, resumiu um deputado federal com bom trânsito junto ao Palácio do Planalto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário