Policial Militar responsável pela queda de Orlando Silva aponta esquema de corrupção envolvendo secretário de governo do Distrito Federal
Gabriel Castro
O PM João Dias Ferreira, durante
entrevista no Congresso
(José Cruz/ABr)
A Justiça do Distrito Federal rejeitou uma liminar que pedia a retirada do ar do blog do policial militar João Dias, autor de denúncias sobre o envolvimento de integrantes do governo do Distrito Federal com um esquema de corrupção. Dias também é responsável por acusações que culminaram com a queda do ministro do Esporte, Orlando Silva. O pedido havia sido feito pelo empresário Adolfo Rodrigues de Oliveira Filho, acusado pelo soldado de lavagem de dinheiro. Este é mais um capítulo da interminável trama envolvendo personagens obscuros e governantes – no mínimo – incautos da capital federal.
Nesse núcleo da história, a ligação entre os personagens é direta: o irmão de Paulo Tadeu, secretário de Governo do Distrito Federal, Ricardo Vale, é cartola do Sobradinho Esporte Clube. João Dias já participou da gestão do time e indicou integrantes que ainda permanecem na cúpula do clube. A equipe, de orçamento modesto, costumava usar como concentração o luxuoso hotel Lakeside, onde Adolfo mora e possui apartamentos. O empresário é um inseparável amigo de infância do secretário de Governo – que, por sua vez, conhece João Dias há vários anos. O soldado também manteve contato com Adolfo.
João Dias garante que o clube de futebol, assumido no ano passado pelo grupo do secretário, é usado como um esquema de lavagem de dinheiro, operado por Adolfo com o consentimento de Paulo Tadeu. No blog, o soldado apresenta detalhes em que demonstra ter intimidade com o grupo. O policial também relata que Adolfo usa uma conta nos Estados Unidos em suas operações supostamente fraudulentas. O empresário processou Dias e tentou tirar do ar o blog do policial. Não conseguiu. A juíza responsável pelo caso indeferiu o pedido de liminar. Na ação, Adolfo confirma: conhece, sim, o secretário Paulo Tadeu. E recebeu, sim, Paulo Tadeu no apartamento que mantém no hotel Lakeside. Procurada pelo site de VEJA, a assessoria do secretário confirmou a relação pessoal, mas negou a participação do secretário em qualquer esquema de lavagem de dinheiro.
Segundo João Dias, o imóvel de Adolfo no Lakeside funciona como uma espécie de escritório de um esquema de lavagem de dinheiro que tem no Sobradinho Esporte Clube um de seus braços. Até agora, Adolfo permanece uma personagem obscura do interminável enredo que envolve as autoridades do Distrito Federal. Pouco se sabe a respeito do empresário. Mas a situação pode mudar em breve. A juíza responsável pela decisão sobre o blog determinou que João Dias apresente, em 15 dias, as provas das acusações que fez. Será uma boa chance de testar o poder de fogo do policial militar.
Fonte: Revista Veja
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