Dormir bem ao lado da pistola, mudar com frequência o trajeto entre a moradia e o trabalho e instalar dispositivos de segurança nas residências são apenas alguns dos métodos usados por policiais militares para afastar a chance de ter um fim trágico. Entre janeiro do ano passado até agora, 12 militares já foram assassinados no Distrito Federal, metade deles durante o horário de folga. Atualmente, uma série de apurações corre de forma sigilosa na Corregedoria-Geral da instituição para investigar ameaças contra praças e oficiais. Uma das vítimas é um tenente-coronel que comanda uma unidade considerada “sensível” pelo grau de risco que o trabalho exige.
Em tempos de índices criminais elevados,  policiais são mortos após tornarem-se alvo de emboscadas, como ocorreu com o cabo M.C.S.D., baleado na cabeça e em um dos braços por três homens encapuzados, na segunda-feira última, em São Sebastião, ou ainda o assassinato, com ares de execução, envolvendo o agente federal Wilton Tapajós, há duas semanas, no Cemitério Campo da Esperança. Casos como esses servem de pano de fundo para ilustrar um sentimento guardado a sete chaves: a tensão constante que acompanha alguns militares quando vestem ou mesmo tiram a farda.
Mais distante do policiamento ostensivo e, portanto, menos vulnerável que o militar acostumado a patrulhar as ruas todos os dias, os comandantes de batalhões também são alvos de criminosos. “Avisa que eu vou matar ele”. O recado curto e grosso foi enviado à Ouvidoria da PM e tinha como alvo um tenente-coronel que pediu para ter a identidade e o seu batalhão mantidos sob sigilo.  “Hoje praticamente não durmo tranquilo. A pistola fica sempre perto da cama e não ando mais sozinho. Sempre estou em um carro funcional, com um motorista que me acompanha da casa para o trabalho e depois no caminho de volta”, disse.
Esquemas de segurança
A constante tensão fez com que o comandante instalasse câmeras de segurança, com capacidade para filmar todos os ângulos da rua em que mora. Cercas elétricas, cães de grande porte e alarmes também fazem parte do rol de dispositivos de segurança para garantir a integridade da família. “Sei que essa pessoa pode tentar me pegar quando estiver civil, sem a farda. Mesmo assim, uso uma arma menor, escondida. Não vou deixar de fazer o meu trabalho com firmeza por conta de ameaças, mas com certeza redobrei minha atenção. O ditado ‘melhor ser um covarde vivo do que um herói morto’ não condiz com a profissão de policial militar”, afirmou.
Fonte: Jornal de Brasília