Vila Isabel, Tijuca e Salgueiro são as favoritas ao título do Carnaval 2012

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Joãosinho Trinta foi lembrado no último carro da Beija-Flor | Foto: Carlos Moraes / Agência O DIA

Mangueira, Portela, União da Ilha e Beija-Flor também vão brigar por uma vaga no desfile das Campeãs. Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra correm risco de rebaixamento

O Dia

Após uma maratona de dois dias e 13 escolas na Sapucaí, Vila Isabel, Unidos da Tijuca e Salgueiro aparecem como favoritas ao título do Carnaval 2012 do Grupo Especial. Mangueira, Portela, Ilha e Beija-Flor também brilharam e vão brigar ponto a ponto por uma vaga no desfile das Campeãs. No outro lado da tabela, Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra tiveram problemas e vão lutar para não serem rebaixadas. A apuração será realizada na tarde desta quarta-feira.

Com uma homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, a Tijuca contou com a criatividade sem limites do carnavalesco Paulo Barros para criar uma viagem na qual reis de todo o mundo visitaram o sertão brasileiro. Quem estava na Sapucaí viu um casamento perfeito do estilo pop do carnavalesco com o melhor jeito de se fazer carnaval.

As alegorias, mais uma vez, utilizaram do recurso que consagrou o carnavalesco: as coreografias com elemento humano. As fantasias, extremamente bem acabadas e funcionais, também ajudaram na compreensão do tema. Um dos momentos mais aguardados pelo público, a comissão de frente representou a sanfona de Luiz Gonzaga, mas não teve o efeito arrebatador visto nos anos anteriores.

Salgueiro dá show de brasilidade, mas repete erros de 2011

O Salgueiro também apostou na temática nordestina, só que para exaltar a literatura de cordel. O tema, extremamente cultural, ajudou a escola a produzir um belo espetáculo visual. A vermelho e branco, no entanto, repetiu alguns erros já observados em 2011, quando o gigantismo dos carros atrapalhou a evolução da escola.

A comissão de frente comandada por Hélio Bejani foi um dos destaques da apresentação. O grupo reproduziu uma caravana na qual cangaceiros e donzelas dançavam ritmos nordestinos. O samba-enredo fez com que a animação dos componentes contagiasse boa parte do público, que interagiu bastante. A bateria de mestre Marcão deu um show à parte com paradinhas ousadas e criativas. Feliz com o sucesso da performance, mestre Marcão chegou a dançar com Viviane Araújo.

Vila Isabel arrebatadora revive clima de ‘Kizomba‘

A Vila Isabel fechou a primeira noite com um enredo que homenageava Angola. Apoiada pela garra de seus componentes e pelo excelente samba-enredo, a azul e branco passou de forma arrepiante lembrando o sucesso de "Kizomba". Já na comissão de frente, que representava a savana com animais, a escola mostrou que estava disposta a brigar pelo título. O casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, exibiu técnica, garra e entrosamento. O luxuoso figurino contribuiu para o sucesso da dupla.

A bateria comandada pelos mestres Paulinho e Wallan teve uma atuação espetacular, fazendo a sustentação na medida certa e com direito a paradinhas e bossas. A reprodução da batida do kuduro, cheia de ousadia, funcionou e empolgou. As fantasias criadas por Rosa Magalhães primaram pelo requinte e bom gosto. Martinho da Vila, presidente de honra da escola, desfilou no último carro segurando uma bandeira de Angola.

Mangueira ousa e revoluciona harmonia

A Mangueira exaltou a história do Cacique de Ramos. Conhecida pela tradição, a Verde e Rosa ousou e deu um show de inovação no quesito harmonia. Assim como em 2011, quando arrebatou a Sapucaí com uma "paradona", a escola apostou na força de seus ritmistas, que protagonizaram um espetáculo ainda melhor do que no ano passado.

Por vários momentos ao longo do desfile, a bateria parou de tocar completamente durante uma passada inteira do samba. Foi aí então que a agremiação apresentou sua maior surpresa: um segundo carro de som - onde estavam Alcione, Xandy Pilares, Dudu Nobre, Sombrinha e o intérprete Luizito - entrou no meio da bateria e se colocou à frente da ala. O grupo de artistas sustentou o hino como se fosse uma roda de samba e ganhou o coro de toda a Marques de Sapucaí. Um momento único na história do Carnaval.

Em seu último ano como presidente, Ivo Meirelles apostou todas as fichas na ousadia e na emoção. O resultado foi um desfile com pitadas de modernidade e o melhor da tradição da escola de Cartola e Nelson Cavaquinho.

Suntuosa, União da Ilha quase não erra

A União da Ilha montou uma painel da cultura da Inglaterra, abrindo passagem para os Jogos Olímpicos de Londres de 2012 e do Rio em 2016. Já na comissão de frente a Ilha protagonizou um momento histórico ao unir Maria Augusta, ex-carnavalesca da escola, e o folclórico gari Renato Sorriso. O grupo representou a guarda real da monarquia britânica, fazendo uma brincadeira entre o rígido protocolo militar e o suingue do samba carioca. Uma grande sacada do coreógrafo Sérgio Lobato, que simplesmente arrebatou o público.
  
As alegorias suntuosas e bastante coloridas ajudaram a contar o enredo, que foi desenvolvido de maneira clara e objetiva, de forma brilhante. Acostumada com desfiles leves e irreverentes, a tricolor da Ilha passou bem mais encorpada, no entanto, sem perder a alegria e a espontaneidade dos componentes.

Samba-enredo da Portela contagia Sapucaí

Dona do melhor samba-enredo do Carnaval 2012, a Portela entrou na Avenida de maneira arrebatadora com enredo que contava a história das festas religiosas da Bahia. A impactante abertura foi completada pelo abre-alas que trazia o símbolo maior da escola, a águia, toda dourada e cheia de brilho. Outro ponto alto do desfile foi a empolgação dos componentes, que cantaram o samba-enredo a plenos pulmões. A bateria do mestre Nilo Sérgio teve uma exibição impecável, misturando ritmos baianos com bastante suingue.

Beija-Flor peca demais em evolução

A Beija-Flor apresentou um enredo em homenagem à cidade de São Luís. Conhecida por sua imponência nas alegorias, a azul e branco usou, mais uma vez, carros enormes para contar a saga histórica da capital do Maranhão. O casal de mestre-sala e porta-bandeira Claudinho e Selminha Sorriso esbanjou técnica, entrosamento e leveza, encantando a todos.
 
Já no quesito evolução, a Beija-Flor teve uma noite irreconhecível, cometendo erros primários que geralmente não acontecem na escola comandada por Laíla. Em diversos momentos do desfile foi possível ver alas correndo e alegorias passando "voando" diante do público. A apresentação foi encerrada com uma bela homenagem ao carnavalesco Joãosinha Trinta, morto em dezembro. O carro do Cristo mendigo voltou à Sapucaí e foi bastante aplaudido.

Enredo complica a vida da Grande Rio


Última escola a desfilar na segunda-feira, a Grande Rio homenageou histórias de superação. O desenvolvimento, no entanto, esbarrou na subjetividade do tema. As alegorias criadas pelo carnavalesco Cahê Rodrigues estavam com boa leitura, no entanto, o mesmo não aconteceu com as fantasias. O samba-enredo mediano não empolgou e o público não foi arrebatado.

São Clemente revive glamour dos musicais

A São Clemente levou para a Avenida um enredo sobre os musicais de sucesso. O talento do carnavalesco Fábio Ricardo ajudou a escola a levar para a Avenida fantasias impecáveis e alegorias bem acabadas. A mensagem do enredo pôde ser compreendida apesar de a agremiação não ter usado muito a irreverência, sua  principal característica. A diretoria optou por tentar impressionar o público e os jurados com um belo espetáculo visual.

Mocidade e Imperatriz devem disputar por posições intermediárias na classificação. Já a Renascer de Jacarepaguá e Porto da Pedra devem brigar para não serem rebaixadas para o Grupo de Acesso A.

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