foto: QuidNovi |
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A Polícia Federal saiu semana passada
em busca de Daniel Almeida Tavares
e Marília Coelho Cunha envolvidos
no processo da ANVISA – Agência
Nacional de Vigilância Sanitária que
corre em segredo de justiça. Os
dois operadores de um esquema de
propina na Agencia de Saúde do
Governo, durante a gestão do
atual governador do Distrito Federal
Agnelo Queiroz, estão foragidos. A
surpresa foi que Marília Coelho Cunha
foi nomeada nesta 4ª feira, para um
cargo no GDF, conforme o Diário
Oficial de 19 de outubro de 2011,
seção 2, página 39, mas está desaparecida.
A Polícia também não sabe de Daniel, mas o ex-funcionário do Laboratório União
Química tem uma história para contar. Num fim de semana, quando Agnelo
Queiroz estava à frente da ANVISA, o médico recebeu Daniel em sua mansão
no Lago Sul. O governador do DF levou Daniel para uma biblioteca no subsolo
de casa, onde pouquíssimas pessoas costumam freqüentar. Daniel estava preparado
para documentar o encontro desde a entrada na mansão de Agnelo. Na biblioteca,
o rapaz entregou R$ 75 mil ao então dirigente da ANVISA como pagamento de
propina efetuado pelo Laboratório União Química.
Agnelo reclamou a Daniel. Sentiu falta de R$ 5 mil na quantia combinada.
O rapaz prometeu ao político depositar o dinheiro no dia seguinte. E o fez,
através de transferência bancária via HSBC. Deste modo, Daniel recolheu
mais uma prova contra Agnelo Queiroz.
Outro episódio que Daniel tem registrado é o presente que a União Química deu
para o filho de Agnelo Queiroz: um pálio branco. Agnelo perguntou a Daniel o
valor do carro e foi informado: R$ 30 mil. O Governador pediu que Daniel então
vendesse o veículo e depositasse o dinheiro em sua conta bancária. O que foi
feito em seis parcelas semanais, no mesmo HSBC.
A história de Marília Coelho Cunha é tão interessante quanto a de Daniel e
envolve a mesma União Química. Marília foi Gerente de Inspeção e Controle de
Insumos da ANVISA e responde processo de favorecimento ilícito ao Laboratório.
Essas informações não são exclusivas de Daniel. Fazem parte também de um dossiê
Essas informações não são exclusivas de Daniel. Fazem parte também de um dossiê
que o soldado quatro estrelas João Dias Ferreira tem em suas mãos sobre seu
camarada Agnelo Queiroz. João Dias procurou Daniel e recolheu o material para
tentar salvar, na época, o então amigo de PC do B.
Sabe-se que Marília mora numa mansão no condomínio Ville de Montagne, no Lago
Sabe-se que Marília mora numa mansão no condomínio Ville de Montagne, no Lago
Sul, bairro nobre de Brasília, que ganhou de presente da União Química, através
de Agnelo e Rafael. Foragida da Polícia Federal, por conta do processo da ANVISA,
a moça foi nomeada para presidir comissão de licitação na Secretaria de Saúde
nesta 4ª feira, mas já se sabe que não pretende comparecer ao trabalho, pois
está novamente sob a guarda de Agnelo e Rafael, o todo poderoso Secretário do
DF. Daniel Almeida Tavares também ganhou de presente um cargo público: foi
nomeado para um cargo na Administração do Plano Piloto, mas preferiu não
aceitar e pediu pra sair.
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Informações do DODF do dia 19 de outubro de 2010 |
O médico do interior da Bahia Agnelo Queiroz chegou a Brasília com um objetivo:
ser político. Pra começar, filiou-se ao PC do B e juntou-se ao colega e neurologista
Rafael para a escalada iniciada em 1990 na Câmara Legislativa do DF. Em janeiro
de 2003 o doutor em seu terceiro mandato de deputado federal pelo PC do B é
nomeado pelo presidente Lula , ministro do Esporte. Um Ministério sem
grandes projeções, com um Caixa muito baixo, mas com grandes possibilidades.
Os holofotes começavam a acender com a Lei nº 10.264, conhecida como
Lei Agnelo/Piva, de 16 de julho de 2001, que estabelece o repasse de 2% da
arrecadação bruta de todas as loterias ao Comitê Olímpico Brasileiro. Agnelo
colhia, como Ministro dos Esportes, rendimentos que plantou no Congresso
Nacional E além disso, ganhou de presente os Jogos Pan Americanos, responsáveis
por muito de seu sucesso, mas o começo de sua derrocada com prestação de contas
do PAN.
Para o Ministério do Esporte, Agnelo levou seu fiel escudeiro e colega médico
neurologista Rafael Barbosa, o mentor intelectual dos esquemas desde seu
primeiro mandato como distrital, e um velho camarada do PC do B, truculento
esportista de Kung Fu, João Dias Ferreira, para implantar o projeto Segundo
Tempo. Nascia ali um dos mais promissores esquemas de Caixa 2, da Esplanada
dos Ministérios, a partir de ONGs ( Organizações Não Governamentais)
criadas especificamente para desvio de verbas públicas.
O então ministro, com os camaradas do PC do B, Rafael, João Dias e o secretário
geral Orlando Silva e o cofre do partido cheio, ganhou mais ainda a simpatia
do presidente da República, e junto com isso o convite para disputar a vaga de
senador pelo Distrito Federal, como petista.
O pensamento de Agnelo estava voltado para o Senado Federal, onde em 2006
perde para o ex-governador do DF, Joaquim Roriz, numa complicada disputa que
acabou por derrubar Roriz e levar ao cargo de senador o suplente Gim Argelo, apesar
do processo de Agnelo, tentando anular a eleição de Roriz e chegar ao cargo
como segundo colocado.
No PT, sem mandato, Agnelo vira um corpo estranho. É preciso mostrar serviço.
A jogada passa a ser levar para o PT o Caixa 2 montado no Ministério do Esporte
para o PC do B, onde o partido deixou Orlando Silva, com o segredo do cofre.
Agnelo articula e fecha vários acordos, blinda a Operação Shaolin no Senado,
através de Gim Argelo, que troca o mandato de senador pela blindagem de
Agnelo no Senado e o apoio para o Governo do DF.
Em outubro de 2007, Agnelo chega a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância
Sanitária,e começa a se cacifar mais no PC do B. Monta um novo esquema
de arrecadação de Caixa 2,com os Laboratórios, que passa a girar garantindo-lhe
mais a confiança do presidente Lula e a caminhada para o Governo do Distrito Federal.
O cuidado de Agnelo com o Caixa 2 fez com que o médico ganhasse mais força política.
Agnelo é eleito governador do DF, pelas mãos de Lula e de um PT dividido quanto
Agnelo é eleito governador do DF, pelas mãos de Lula e de um PT dividido quanto
a opção do ex-presidente. Acordos e alianças envolvendo o PC do B , que garantiu
a galgada de Agnelo ao GDF, começaram a bater de frente com as alianças do
PT nacional e local. Os interesses das alianças de Agnelo se embaralharam.
Mas o trio Agnelo, Rafael e João Dias não podia mais parar. A solução de Agnelo foi
pegar o truculento e ameaçador João Dias, seu fiel escudeiro e transformá-lo
no operacional da transferência do esquema de Caixa 2 do PC do B para o PT, dentro
do Ministério do Esporte. O soldado partiu pra cima de Orlando Silva, pressionando,
o ministro do Esporte, seu camarada, e, fez chegar as mãos do Coronel
Buarque, homem de confiança da presidente Dilma Housseff, o relatório com
toda a Operação Shaolin e o envolvimento de Orlando Silva e do PC do B no esquema
das ONGs.
A presidente Dilma, antes de partir para viagem internacional, em companhia de
vários ministros, entre eles o próprio Orlando, questionou o líder do PC do B,
deputado Aldo Rebelo, acerca das atitudes do ministro do Esporte. Aldo preferiu não
falar sobre o assunto e chamou a responsabilidade para Orlando.
Agnelo foi preservado o tempo todo por João Dias, que não pretendia matar a
galinha dos ovos de ouro, no caso, o agora governador do Distrito Federal, que
mudou a vida do simples esportista comunista para um bem sucedido empresário
dos Esportes, com direito a carros importados e mansão em cidade satélite de Brasília.
O alvo principal era Orlando Silva. Mas o ministro resolveu não segurar o
problema sozinho.
O escândalo e ameaças do soldado com poderes de general 4 estrelas, João
Dias, revelado pela Revista Eletrônica Quidnovi com exclusividade no dia 11 de
outubro passado, vem a tona através de matéria da Revista Veja no fim de
semana seguinte, quando o ministro se encontra em Guadalajara para abertura
dos Jogos Pan Americanos, e a partir daí repercute em toda a imprensa.
O ministro do Esporte então resolve não segurar sozinho a Operação das
ONGs no programa Segundo Tempo, e mostra publicamente de onde
partiram as pressões. Orlando Silva puxa o ex companheiro do PC do B e
agora governador do DF pelo PT, Agnelo Queiroz, e coloca o médico sob os
holofotes da mídia.
O PC do B acusa que há dedos do PT nesta confusão toda e a base aliada do Governo
está ameaçada. Para aplacar a crise, sabe-se que o Palácio do Planalto quer manter
o Ministério do Esporte sob a tutela do PC do B. E o PT sabe que tem dedos do
Partido nessa história. Mas os dedos que aparecem no PT são os do Governador
do DF Agnelo Queiroz , considerado um petista de última hora, e desafeto de
vários companheiros.
Agnelo Queiroz tem digitais em todos os lugares por onde passou: ANVISA,
MINISTÉRIO DO ESPORTE e GDF. E o que está vindo a tona a agora é trajetória
política do maior operador do Caixa 2 do PC do B. Trajetória política que se mistura
com processos e assassinatos de crimes de queima de arquivos.
Fonte: QuidNovi
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