Agnelo: O camarada traidor

sábado, 22 de outubro de 2011

foto: QuidNovi
A Polícia Federal saiu semana passada 
em busca de Daniel Almeida Tavares  
e Marília Coelho Cunha envolvidos 
no processo da ANVISA – Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária que 
corre em segredo de justiça. Os 
dois operadores de um esquema de 
propina na Agencia de Saúde do 
Governo, durante a gestão do 
atual governador do Distrito Federal 
Agnelo Queiroz, estão foragidos. A 
surpresa foi que Marília Coelho Cunha 
foi nomeada nesta 4ª feira, para um 
cargo no GDF, conforme o Diário 
Oficial de 19 de outubro de 2011, 
seção 2, página 39, mas está desaparecida.

A Polícia também não sabe de Daniel, mas o ex-funcionário do Laboratório União 
Química tem uma história para contar. Num fim de semana, quando Agnelo 
Queiroz estava à frente da ANVISA, o médico recebeu Daniel em sua mansão 
no Lago Sul. O governador do DF levou Daniel para uma biblioteca no subsolo 
de casa, onde pouquíssimas pessoas costumam freqüentar. Daniel estava preparado 
para documentar o encontro desde a entrada na mansão de Agnelo. Na biblioteca,
 o  rapaz entregou  R$ 75 mil ao então dirigente da ANVISA como pagamento de 
propina efetuado pelo Laboratório União Química.

Agnelo reclamou a Daniel. Sentiu falta de R$ 5 mil na quantia combinada. 
O rapaz prometeu ao político depositar o dinheiro no dia seguinte. E o fez, 
através de transferência bancária via HSBC. Deste modo, Daniel recolheu 
mais uma prova contra Agnelo Queiroz.

Outro episódio que Daniel tem registrado é o presente que a União Química deu 
para o filho de Agnelo Queiroz: um pálio branco. Agnelo perguntou a Daniel o 
valor do carro e foi informado: R$ 30 mil. O Governador pediu que Daniel então 
vendesse o veículo e depositasse o dinheiro em sua conta bancária. O que foi 
feito em seis parcelas semanais, no mesmo HSBC.

A história de Marília Coelho Cunha é tão interessante quanto a de Daniel e 
envolve a mesma União Química. Marília foi Gerente de Inspeção e Controle de 
Insumos da ANVISA e responde processo de favorecimento ilícito ao Laboratório.

Essas informações não são exclusivas de Daniel. Fazem parte também de um dossiê 
que o soldado quatro estrelas João Dias Ferreira tem em suas mãos sobre seu 
camarada Agnelo Queiroz. João Dias procurou Daniel e recolheu o material para
 tentar salvar, na época, o então amigo de PC do B.

Sabe-se que Marília mora numa mansão no condomínio Ville de Montagne, no Lago 
Sul, bairro nobre de Brasília, que ganhou de presente da União Química, através 
de Agnelo e Rafael. Foragida da Polícia Federal, por conta do processo da ANVISA,
 a moça foi nomeada para presidir comissão de licitação na Secretaria de Saúde 
nesta 4ª feira, mas já se sabe que não pretende comparecer ao trabalho, pois 
está novamente sob a guarda de Agnelo e Rafael, o todo poderoso Secretário  do 
DF. Daniel Almeida Tavares também ganhou de presente um cargo público: foi 
nomeado para um cargo na Administração do Plano Piloto, mas preferiu não 
aceitar e pediu pra sair.

Informações do DODF do dia 19 de outubro de 2010


O médico do interior da Bahia Agnelo Queiroz chegou a Brasília com um objetivo:
ser político. Pra começar, filiou-se ao PC do B e juntou-se ao colega e neurologista 
Rafael para a escalada iniciada em 1990 na Câmara Legislativa do DF. Em janeiro 
de 2003 o doutor em seu terceiro mandato de deputado federal pelo PC do B  é 
nomeado pelo presidente Lula , ministro do Esporte. Um Ministério sem 
grandes projeções, com um Caixa muito baixo, mas com grandes possibilidades.

Os holofotes começavam a acender com a Lei nº 10.264, conhecida como 
Lei Agnelo/Piva, de 16 de julho de 2001, que estabelece o repasse de 2% da 
arrecadação bruta de todas as loterias ao Comitê Olímpico Brasileiro.  Agnelo 
colhia, como Ministro dos Esportes, rendimentos que plantou no Congresso 
Nacional E além disso, ganhou de presente os Jogos Pan Americanos, responsáveis 
por muito de seu sucesso, mas o começo de sua derrocada com prestação de contas 
do PAN.

Para o Ministério do Esporte, Agnelo levou seu fiel escudeiro e colega médico 
neurologista Rafael Barbosa, o mentor intelectual dos esquemas desde seu 
primeiro mandato como distrital, e um velho camarada do PC do B, truculento 
esportista de Kung Fu, João Dias Ferreira, para implantar o projeto Segundo 
Tempo. Nascia ali um dos mais promissores esquemas de Caixa 2, da Esplanada 
dos Ministérios, a partir de ONGs ( Organizações Não Governamentais) 
criadas especificamente para desvio de verbas públicas.

O então ministro, com os camaradas do PC do B, Rafael, João Dias e o secretário 
geral Orlando Silva e o cofre do partido cheio, ganhou mais ainda a simpatia 
do presidente da República, e junto com isso o convite para disputar a vaga de 
senador pelo Distrito Federal, como petista.

O pensamento de Agnelo estava  voltado para o Senado Federal, onde em 2006 
perde para o ex-governador do DF, Joaquim Roriz, numa complicada disputa que 
acabou por derrubar Roriz e levar ao cargo de senador o suplente Gim Argelo, apesar 
do processo de Agnelo, tentando anular a eleição de Roriz e chegar ao cargo 
como segundo colocado.

No PT, sem mandato, Agnelo vira um corpo estranho. É preciso mostrar serviço.
A jogada passa a ser levar para o PT o Caixa 2 montado no Ministério do Esporte 
para o PC do B, onde o partido deixou Orlando Silva, com o segredo do cofre. 
Agnelo articula e fecha vários acordos, blinda a Operação Shaolin no Senado, 
através de Gim Argelo, que troca o mandato de senador pela blindagem de 
Agnelo no Senado e o apoio para o Governo do DF.

Em outubro de 2007, Agnelo chega a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância 
Sanitária,e começa a se cacifar mais no PC do B. Monta um novo esquema 
de arrecadação de Caixa 2,com os Laboratórios, que passa a girar garantindo-lhe 
mais a confiança do presidente Lula e a caminhada para o Governo do Distrito Federal. 
O cuidado de Agnelo com o Caixa 2 fez com que o médico ganhasse mais força política.
Agnelo é eleito governador do DF, pelas mãos de Lula e de um PT dividido quanto
 a opção do ex-presidente. Acordos e alianças envolvendo o PC do B , que garantiu
 a galgada de Agnelo ao GDF, começaram a bater de frente com as alianças do 
PT nacional e local. Os interesses das alianças de Agnelo se embaralharam.

Mas o trio Agnelo, Rafael e João Dias não podia mais parar. A solução de Agnelo foi 
pegar o truculento e ameaçador João Dias, seu fiel escudeiro  e transformá-lo 
no operacional da transferência do esquema de Caixa 2 do PC do B para o PT, dentro
 do Ministério do Esporte. O soldado partiu pra cima de Orlando Silva, pressionando,
 o ministro do Esporte, seu camarada, e, fez chegar as mãos do Coronel 
Buarque, homem de confiança da presidente Dilma Housseff,  o relatório com 
toda a Operação Shaolin e o envolvimento de Orlando Silva e do PC do B no esquema
 das ONGs.

A presidente Dilma, antes de partir para viagem internacional, em companhia de 
vários ministros, entre eles o próprio Orlando, questionou o líder do PC do B, 
deputado Aldo Rebelo, acerca das atitudes do ministro do Esporte. Aldo preferiu não 
falar sobre o assunto e chamou a responsabilidade para Orlando.

Agnelo foi preservado o tempo todo por João Dias, que não pretendia matar a 
galinha dos ovos de ouro, no caso, o agora governador do Distrito Federal, que 
mudou a vida do simples esportista comunista para um bem sucedido empresário 
dos Esportes, com direito a carros importados e mansão em cidade satélite de Brasília. 
O alvo principal era Orlando Silva. Mas o ministro resolveu não segurar o 
problema sozinho.

O escândalo e ameaças do soldado com poderes de general 4 estrelas, João 
Dias, revelado pela Revista Eletrônica Quidnovi com exclusividade no dia 11 de 
outubro passado, vem a tona através de matéria da Revista Veja no fim de 
semana seguinte, quando o ministro se encontra em Guadalajara para abertura 
dos Jogos Pan Americanos, e a partir daí repercute em toda a imprensa.

O ministro do Esporte então resolve não segurar sozinho a Operação das 
ONGs no programa Segundo Tempo, e mostra publicamente de onde 
partiram as pressões. Orlando Silva puxa o ex companheiro do PC do B e 
agora governador do DF pelo PT, Agnelo Queiroz, e coloca o médico sob os 
holofotes da mídia.

O PC do B acusa que há dedos do PT nesta confusão toda e a base aliada do Governo 
está ameaçada. Para aplacar a crise, sabe-se que o Palácio do Planalto quer manter 
o Ministério do Esporte sob a tutela do PC do B. E o PT sabe que tem dedos do 
Partido nessa história. Mas os dedos que aparecem no PT são os do Governador 
do DF Agnelo Queiroz , considerado um petista de última hora, e desafeto de 
vários companheiros.

Agnelo Queiroz  tem digitais em todos os lugares por onde passou: ANVISA, 
MINISTÉRIO DO ESPORTE e GDF. E o que está vindo a tona a agora é trajetória 
política do maior operador do Caixa 2 do PC do B. Trajetória política que se mistura 
com processos e assassinatos de crimes de queima de arquivos.



Fonte: QuidNovi

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