Comitê espera em fevereiro relatório sobre progressos na conservação. Perda de título de patrimônio nunca esteve em discussão, diz Iphan.
Rafaela Céo Do G1 DF
Praça da 308 Sul: projeto paisagístico
de Burle Marx
(Foto: Jamila Tavares / G1)
(Foto: Jamila Tavares / G1)
O Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco aprovou
nesta quarta-feira (27), em reunião em São Peterbursgo, na Rússia, o documento
elaborado por uma missão do órgão em junho passado que aponta uma série de
problemas na conservação de Brasília.
O órgão determinou que o Brasil deve apresentar,
em fevereiro de 2013, um relatório mostrando os progressos empreendidos na
manutenção de Brasília como patrimônio da humanidade.
O relatório do governo brasileiro será avaliado
na 37ª Reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco, em junho do próximo
ano. O comitê pode acolher o texto, sem novas ressalvas, caso as informações
fornecidas sejam consideradas satisfatórias, ou produzir novas recomendações e
comentários, se a atuação brasileira para a conservação da capital for entendida
como insuficiente.
O colegiado, formado por representantes de 21
países, confirmou os principais pontos do relatório preliminar que indicou os
problemas nos cuidados com a cidade. O documento foi produzido a partir da visita
feita por especialistas do organismo internacional, em março deste ano.
A Secretaria de Cultura do Distrito Federal
divulgou uma nota onde informa que vai continuar trabalhando pela preservação do
projeto original de Lúcio Costa tombado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da
Humanidade.
Na nota a secretaria diz que está negociando
junto ao governo a restauração de 100% do patrimônio tombado de Brasília, até o
ano de 2014.
Entre as causas das falhas na conservação da
capital federal estão a especulação imobiliária e pressão relacionada à Copa do
Mundo de 2014, indica a avaliação. Alguns empreendimentos, como o Estádio
Nacional de Brasília e o Veículo Leve sobre Trilhos, diz o estudo, não
respeitavam as diretrizes de conservação.
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A missão também apontou “o estado grave de
deterioração” da W3. Os especialistas observaram a alteração do uso residencial
das casas geminadas e consideraram fundamental a intervenção na área para evitar
expansão das irregularidades.
O desenvolvimento das 30 regiões administrativas
do DF também foi alvo de avaliação. A orientação da Unesco é por uma estratégia
de desenvolvimento que considere o Plano Piloto e essas áreas que circundam a
capital federal.
Manutenção do títuloNo
início de junho, quando da divulgação do relatório preliminar de avaliação da
visita, o governo
do Distrito Federal comemorou a manutenção do título de patrimônio
humanidade.
A assessoria do Instituto de Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional (Iphan) explica, porém, que apesar da inspeção da Unesco
ter avaliado o estado de conservação da cidade, o título não esteve em
risco.
A perda de título de patrimônio da humanidade não
é um rito sumário ou corriqueiro. É iniciada com a inclusão do sítio na lista de
patrimônio em perigo. Até hoje, desde que a Unesco começou a tratar de
patrimônios mundias, em 1972, apenas dois sítios perderam o título: Vale do
Elba, em Dresden, Alemanha, e o Santuário Oryx, em Omã.
Na reunião do Comitê do Patrimônio Mundial da
Unesco deste ano, que ocorre até o próximo domingo (1º), alguns pontos já foram
indicados para lista em perigo, entre eles, a cidade mercantil marítima de
Liverpool (Reino Unido) e as fortificações da costa caribenha do Panamá. Ambos
pela definitiva descaracterização pela qual vêm passando.
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